quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Encerramento


Venho por meio desta informar que estou encerrando meu projeto de crônicas e contos, por motivação de um projeto literário maior, a ser mencionado a seu tempo. Ademais, pretendo neste ano de 2014 transformar o material dos blogs em um LIVRO DE CRÔNICAS E CONTOS. Desde já, conto com seu apoio neste projeto. Foram dois anos de dedicação e canalização da verve, com o resultado de cerca de CINQUENTA MIL LEITURAS, de diversos países, algo que eu JAMAIS imaginaria atingir. Agradeço a cada leitura, a cada curtida, a cada comentário, a cada compartilhada; também agradeço ao pessoal do Jornal Tradição por meio da Claudia Duarte, que tantas crônicas minhas publicou; também agradeço ao pessoal do Comunica Sls, por meio primeiramente da Aline Cunha e posteriormente do Henrique Schnorr Krüger, que com sensibilidade me convidaram e me oportunizaram de escrever crônicas para o site; e também agradeço, é claro, à Deus, que com suas mãos de ventríloquo me orientou nesta empreitada pelos bons-ventos da inspiração. Dividido neste momento entre a alegria de um projeto bem-sucedido e a nostalgia de um ciclo que se encerra, subscrevo-me. Segue abaixo os links dos três blogs, cujos conteúdos deixarei disponíveis por mais um tempo. Fiquem à vontade em passear por eles.


Um grande abraço, e até breve.

Cordialmente,

Danilo Kuhn

Crônicas Afônicas:http://blogdascronicasafonicas.blogspot.com.br/;

Contos Recônditos:http://blogdoscontosreconditos.blogspot.com.br/;

Crônicas Lourencianas:http://blogdascronicaslourencianas.blogspot.com.br/.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Frases pra citar (autocitações)


Em certos ambientes, melhor seria se tivéssemos pálpebras auditivas.
Pra melhor conviver com as pessoas, é preciso conviver bem consigo mesmo.
Cada um faz seu destino, mas ninguém escapa do que precisa aprender.
Às vezes, as respostas estão nas perguntas.
Eu queria conhecer o mundo, mas desconhecia os meus adentros.
Quem não olha pra dentro de si, é incapaz de contemplar o horizonte.
Certa dose de ilusão é necessária pra não se perder o brilho no olhar.
Tudo é um delicado equilíbrio.
Meu ídolo é a humildade, meu herói é o respeito.
Fãs não passam de fantoches.
Quem trabalha só pra si não sabe o que é trabalho.
O mundo é uma obra à espera da tua contribuição.
Amar a si mesmo é o primeiro passo pra conhecer o amor.
O bom exemplo é a melhor maneira de demonstrar amor ao próximo.
É nas relações humanas que se encontram as maiores tensões, e por este motivo, os maiores aprendizados.
Não tenha medo de ignorar, às vezes o descaso é a melhor lição.
Tudo na vida são energias, sintonize na Estação Positiva.
Os olhos são o espelho da alma; leia olhares...
Não dê valor à novidade, ela é efêmera.
O conteúdo sempre será mais importante que a forma.
Nada na vida é injusto, a Lei do Merecimento é a Justiça Maior.
Aprenda a ler-se a si mesmo.


(Danilo Kuhn)


segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Todo mundo foi pra praia


E veio o Mestre Estudo a semear seus conhecimentos, espalhando aos quatro ventos luz e ensinamentos, construindo sonhos, iluminando ideias. Mestre Estudo não tem hora nem lugar pra trabalhar, está sempre disponível, ávido, mas todo mundo foi pra praia...
E veio o Senhor Trabalho a distribuir suas recompensas, seus frutos, sua capacidade de mudar o mundo, ajudar o próximo, erguer nações, crescer, progredir. Senhor Trabalho ama o que faz, é uma forma visível do amor, e não se encolhe, está vinte e quatro horas por dia em vigília, pronto pra arregaçar as mangas e pôr mãos à obra, mas todo mundo foi pra praia...
E veio Dom Amor a demostrar sua benevolência, seu coração grande, seu olhar puro, seu abraço largo, sua palavra de afeto, seu carinho. Dom Amor ama a tudo e a todos sem ressalvas, se enternece, se apaixona, perdoa, enobrece. Aquece o peito de corações gelados, amolece a alma das pessoas enrijecidas, une as mãos, aproxima lábios, estreita laços, sustenta casa e coração, espírito e nação. Dom Amor está eternamente disposto a amar e ser amado, mas todo mundo foi pra praia...
E veio Dona Esperança a trazer dias melhores, tempos de fartura, prosperidade, felicidade, bons fluidos, positividade, amor ao próximo, compaixão, liberdade, igualdade, fraternidade. Dona Esperança, diz-se, é a última que morre, persevera, não desiste nunca, está insistentemente de pé, erguida, firme e forte, sem soçobrar, pronta pro que der e vier, pra dar apoio aos sonhos das gentes, mas todo mundo foi pra praia...


(Danilo Kuhn)


quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Blecaute


Eu tinha luz nos olhos...
Um dia, uma sombra se instalou...
A nuvem escura vinha do horizonte de minha alma, imponente. Era feita de erros do passado, remorsos, arrependimentos, amarguras, perdas e derrotas. Um vento forte e morno a anunciou, e em seguida a voz grave e rouca de um trovão estremeceu-me dos pés à cabeça. Raios e faíscas ofuscaram-me a vista, e arrepiaram-me os pelos. Então, a tempestade mostrou-me toda sua força, primeiro com uma chuva de pedras, que eram feitas de palavras pontiagudas que proferi injustamente. Depois, uma chuva de lágrimas que causei inundou-me o ser e afogou-me em desgosto...
Eu tinha luz nos olhos...
Um dia, uma sombra se instalou...
Toda luz se foi. Eu fui em busca de velas chamadas perdão, de lanternas chamadas humildade. Mas já era tarde demais...
Eu tinha luz nos olhos...
Um dia, uma sombra se instalou...
E eu fiquei na escuridão... Blecaute!

(Danilo Kuhn)


sábado, 23 de novembro de 2013

O senhor do correio furou a fila do restaurante

Pacato Cidadão estava na fila do buffet a quilo do restaurante, cansado, mal dormido, estressado, apressado, essas coisas típicas das pessoas normais. Nisso, o Senhor do Correio se achega, de mansinho, com sua marmita de quatro andares, olha para um lado, olha para o outro, dá uma disfarçadinha e, na maior cara de pau, fura a fila. Simplesmente começa a encher os compartimentos daquela marmita que mais parecia um prédio desmontável.
Pacato Cidadão engoliu a indignação, mas não se absteve de imaginar como seria se ele tivesse intervindo.
– Com licença, meu senhor, você está furando a fila – teria dito, não disfarçando insatisfação, mas mantendo certa educação.
– Não... Não... Eu combinei com a dona do restaurante... – tentaria desviar o senhor.
– Mas isso não é justo, meu senhor. Por que o senhor tem esse direito e nós não? O senhor por acaso é melhor do que nós?
– Eu não mandei essa espelunca não oferecer o atendimento adequado! Essa fila é uma merda! – cuspiria o senhor, derrubando de volta a comida que já havia armazenado, vociferando outros xingamentos à dona e aos funcionários, causando mal-estar no estabelecimento, ficando o Pacato Cidadão, em sua lógica, mal quisto pelos proprietários do restaurante, já que haveria semeado discórdia entre os clientes, e feito a casa perder um bom cliente.
No entanto, Boca Grande também estava na fila e, como não atura injustiças e aproveitamentos de qualquer espécie, bradou sem tardar, saltando a veia do pescoço, e interrompendo as conjecturações de Pacato Cidadão.
– Mas isso é uma pouca vergonha! Aquele cara tá furando a fila!
A funcionária que trabalhava na balança arregalou os olhos e empalideceu. O Senhor do Correio, cheio de si, fez que não ouviu.
– Quer dizer que se amanhã eu for no correio com uma pilha de sedex eu não preciso tirar senha? Eu posso passar na frente de todo o mundo assim na cara dura?
E o senhor continuava ignorando Boca Grande.
– Tu não vai fazer nada? Tu vai deixar assim? – questionava à funcionária. – Mas que barbaridade!
Tanto foi que o Senhor do Correio terminou de se servir, pagou e foi embora, enquanto Boca Grande resmungava aqui e ali, argumentava a um e outro. Na hora de pagar sua conta, Boca reclamou à proprietária.
– Mas veja bem – tentava apaziguar ela – eu não posso me indispor com um cliente... Não vou me incomodar... Isso nunca acontece... Você tem certeza que ele furou a fila? Talvez você tenha se enganado...
– Garanto que se enganou – disse uma voz na fila do caixa – esse aí é um boca grande!
– Melhor ser boca grande – respondeu Boca – que não ter boca pra nada!


(Danilo Kuhn)


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Escravo de mim


Eu era escravo de mim...
Trabalhava em regime escravo-de-si-mesmo.
Amava como quem prende a si próprio em uma masmorra.
Sorria como o refém sorri ao carcereiro.
Beijava como quem bate ponto na empresa.
Comprava tudo o que os olhos mandavam, ainda que o bolso gritasse “não!”.
Comia pela fome de amanhã.
Bebia pela sede da semana inteira.
Fazia todas as minhas vontades, passando por cima de tudo e de todos.
Mas houve um dia em que arrebentei as correntes, me libertei das algemas que eu mesmo me impunha, e escrevi de próprio punho a minha alforria.
Hoje, estou livre do meu egoísmo que tornava solitário, do meu orgulho que me cegava, da minha ganância que me empobrecia, do meu sucesso que me fazia decadente.
Quem se liberta de si mesmo, abre as cortinas da casa escura em que habita e vislumbra um mundo infinito lá fora, à espera...
Eu era escravo de mim...

(Danilo Kuhn)


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Dez maneiras de não morrer


Se não quiseres morrer, semeia. E a semente por ti semeada germinará sobre teu nome.
Se não quiseres morrer, planta. E à sombra da tua árvore alguém há de descansar.
Se não quiseres morrer, colhe. E o fruto do teu trabalho alimentará tua memória.
Se não quiseres morrer, constrói. E as futuras gerações hão de saudar tua obra.
Se não quiseres morrer, escreve. E cada palavra escrita na tua linha da vida será uma pedra do alicerce de teu templo.
Se não quiseres morrer, ama. E teu amor manterá viva tua lembrança em saudosos corações.
Se não quiseres morrer, trabalha. E teu suor servirá de exemplo.
Se não quiseres morrer, chora. E tua dor terá sido a virtude de quem te consolou.
Se não quiseres morrer, sorri. E tua alegria terá sido combustível a quem confortaste.
Se não quiseres morrer, vive. E tua vida não terá sido em vão.


(Danilo Kuhn)